Hatiro Shimomoto
Os familiares de Hatiro Shimomoto desembarcaram do navio Montevideo-maru em Santos, no dia 13 de fevereiro de 1931, vindos do bairro de Kuchi Irokawa, distrito de Katsuura, na província de Wakayama, no Japão. Em seguida estabeleceram-se em Guararapes (SP). Seus pais, Yasuishi e Tomie Shimomoto, chegaram ao Brasil com cinco filhos e aqui nasceram mais sete – Hatiro, o oitavo filho, foi o terceiro a nascer em território brasileiro. Por volta de 1945 a família mudou para Andradina, onde abriu uma peixaria e uma loja de presentes. Depois mudaram para São Paulo, onde em 1955 instalaram o Mercadinho King, no bairro da Vila Esperança.
Hatiro Shimomoto cursou o primário no Grupo Escolar Francisco Teodoro de Andrade, em Andradina. Iniciou o curso secundário ainda lá, na Escola de Comércio, mas concluiu no Colégio Osvaldo Cruz, em Campo Grande (MS). Formou-se bacharel em Ciências Jurídicas na Faculdade de Direito do Sul de Minas, em Pouso Alegre. Depois fez pós-graduação em Direito Tributário no Centro de Estudos de Extensão Universitárias e também em Direito Comparado na Sorbonne, Paris, França.
Após trabalhar em diversas empresas, montou a King, que atua nas áreas de contabilidade, seguridade e informática.
Participou de missões oficiais ao exterior – sobretudo Japão –, de congressos onde proferiu palestras, e de encontros religiosos. Também foi membro de entidades educacionais, sindicais, esportivas e culturais. Esteve no Japão cinco vezes entre 1971 e 1993, em missões oficiais e culturais buscando o estreitamento das relações com o país. Congratulou-se com o povo japonês pela data nacional do Japão, comemorada no dia do aniversário do imperador, então em 29 de abril. Homenageou a colônia japonesa no aniversário de 80 anos da imigração (1988) e saudou o desconto que os japoneses concederam no montante da dívida externa brasileira (1992).
Preocupado com a segurança pública, em 1971 solicitou a instalação de novos postos e distritos policiais, aumento do efetivo e policiamento em diferentes localidades. Depois, em 1972, defendeu a unificação das polícias Civil e Militar e em 1995 apoiou a criação de polícias municipais. Ainda na questão da segurança, preocupou-se com o problema das crianças infratoras nos centros comerciais da cidade, denunciou a exploração de crianças nos semáforos, criticou a venda indiscriminada de armas de fogo e a concessão de novos portes de armas. O deputado ainda foi contra a construção de uma penitenciária em Guarulhos e abordou os acontecimentos na Casa de Detenção do Carandiru por ocasião da rebelião dos presos e invasão da polícia, que resultou na morte de 111 detentos em 1992.
Em 1973 o governador Laudo Natel assinou com o governador da província de Mie, Ryozo Tagawa, a “Declaração de Estados Irmãos entre a Província de Mie e o Estado de São Paulo”. Além do governador e de sua esposa, estiveram presentes na solenidade o presidente da Assembléia Legislativa de Mie, o deputado Koiti Yamamoto, e outras autoridades locais. O acordo visava “cultuar uma fraternidade perene e aprofundar a compreensão e a cooperação mútua nos campos da cultura, da arte, da educação, do esporte, do comércio, da tecnologia, da pesca, da agricultura e da indústria” (1973). como decorrência do acordo, o convênio permitiu o aperfeiçoamento da sericicultura – estudo e criação do bicho da seda -, produção que mais tarde viria a ganhar competitividade internacional. Shimomoto foi coordenador do convênio de 1973 a 1975.
Uma característica marcante no seu trabalho foi a constante abordagem dos temas cívicos. Defendeu a difusão da instrução moral e cívica (1973), falou sobre as comemorações do “Dia da Bandeira Nacional” (1979), da “Semana da Pátria” (1991), e propôs a obrigatoriedade da execução do Hino Nacional nas escolas públicas em 1992 e em 1993 retomou a questão da execução para a rede particular de ensino. Ainda em 1992 falou também sobre a liberalização dos costumes na sociedade e sobre a exploração do sexo na televisão.
Quando lidou com a saúde, manifestou-se contra o aborto (1988), sugeriu a realização de campanhas de educação voltadas à saúde e higiene (1982), relacionou as propagandas de remédio na televisão a uma das principais causas da automedicação (1982), destacou a importância da vacinação contra paralisia infantil (1983) e foi um defensor do Plano de Assistência à Saúde (PAS) – gestão da saúde através de cooperativas implantadas no município de São Paulo na gestão Paulo Maluf (1995). defendeu a normatização de lei que rege as atividades das empresas de assistência médica, visando prestar ampla cobertura aos seus conveniados (1995) e foi a favor do atendimento a todas as enfermidades relacionadas ao Código Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (1994).
Hatiro Shimomoto defendeu profundas reformas no Código Penal. Entre elas, a aplicação da pena de morte (1991), a volta da pena de chibatadas (1994) e indicou o trabalho obrigatório aos presos (1993). Foi favorável à redução da maioridade penal para dezesseis anos (1993) e propôs “severas penalidades” aos responsáveis pelos acidentes de trânsito que estivessem embriagados, infringido os limites de velocidade ou desobedecido à sinalização (1995).
É casado com Tieko Shimomoto e hoje, é diretor-presidente do Grupo King.
Fonte: Os nikkeis na Assembléia de São Paulo