Paulo Kobayashi
Primeiro dos sete filhos dos imigrantes Shigueo e Sumyo, Paulo Seiti Kobayashi nasceu em Ribeirão Pires no dia 30 de junho de 1945. Ainda jovem começou a dar aulas na colônia japonesa do Macuco, em Campinas. Em 1962 chegou à cidade de São Paulo, onde fez o curso de madureza (supletivo) no Colégio Santa Inês, escola em que posteriormente se tornou professor. Logo mostrou talento para o magistério e assim graduou-se pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) em geografia, disciplina que lecionou por quase vinte anos no curso Objetivo.
Sua inclinação para a política já era visível ao exercer o cargo de vice-presidente do diretório acadêmico nos anos de 1966 e 1967.
Paulo Kobayashi criticava constantemente as políticas do governo militar. Atacou os casuísmos que buscavam assegurar o controle do governo central sobre o processo eleitoral e as maiorias no Legislativo. Falou sobre a promulgação da Lei Falcão, que dava uma nova redação ao artigo 250 do Código Eleitoral. Elaborada pelo ministro da Justiça, Armando Falcão, ela permitia que a divulgação pela televisão fosse feita apenas com a foto, legenda, currículo e número de registro do candidato, o que impedia o debate político. Kobayashi observou que isso aumentaria a apatia e o desinteresse popular, além de dificultar a politização do povo. Criticou o fechamento do Congresso Nacional por ter rejeitado a proposta de reforma do Judiciário em 1977. No ano seguinte, 1978, voltou a defender o pluripartidarismo e as eleições diretas. Segundo ele, o recesso do Congresso Nacional, determinado pelo governo, mostrou ao povo que ao Legislativo cabe apenas “homologar, legitimar decisões planejadas por tecnocratas”. Também criticou a implantação do Pacote de Abril, uma série de medidas governamentais que incluía a Emenda Constitucional nº 8/1977, determinando que um em cada três senadores deveria ser eleito indiretamente por um colégio eleitoral (os “senadores biônicos”).
O primeiro mandato legislativo de Paulo Kobayashi foi e deputado estadual em 1974. Elegeu-se novamente para o parlamento paulista em 1982 e em 1994. Professor com grande prestígio, tinha nos alunos a sua principal base eleitoral, além de contar com o apoio da comunidade japonesa.
Em agosto de 1977 leu em plenário a “Carta aos Brasileiros”, manifesto histórico assinado por vários juristas, que exigiam o estabelecimento imediato do Estado de direito e da democracia. O documento foi divulgado no pátio da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no largo de São Francisco, pelo professor Goffredo da Silva Telles.
Em 1988 ajudou a fundar o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e conquistou uma vaga de vereador da capital paulista. Foi escolhido vice-presidente da Câmara Municipal em 1988 e presidente em 1992. Nesse período foi também presidente do Diretório Municipal do PSDB de São Paulo. Reelegeu-se vereador em 1992 e renunciou para assumir mais um mandato como deputado estadual.
Uma área prioritária em suas ações foi a da educação. Em 1995 propôs a criação do programa Férias na Escola para os períodos de recesso escolar e apresentou o Programa de atualização e Capacitação de Professores da Rede Estadual em 1997.
No ano de 1998 elegia-se deputado federal, e aí coordenou a bancada paulista na Câmara Federal e se reelegeu quatro anos depois. Fez parte das seguintes comissões: Defesa do Consumidor, Indústria e Comércio, Cultura e Desporto, Educação e Cultura, Relações Exteriores, e Defesa Nacional. Integrou também diversas comissões especiais, como a dos Precatórios e a da Prorrogação da Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF).
Segundo declararam seus familiares, sonhava em ser o primeiro nikkei presidente da Câmara Federal, tornando-se também o primeiro descendente de japoneses a presidir o Legislativo nas três esferas de governo. Mas não chegou a exercer seu objetivo: faleceu no exercício do segundo mandato de deputado federal, ao dia 26 de abril de 2005, vítima de câncer.
Foi casado com Iekleng Kho Kobayashi, com quem teve dois filhos, dentre eles Victor Kobayashi.
Fonte: Os nikkeis na Assembléia de São Paulo